Um dos motivos de trabalhar com educação financeira foi porque, durante toda a minha vida o assunto dinheiro sempre mexeu muito comigo. Eu acredito verdadeiramente que isso seja a realidade de muitas pessoas. Desde a infância me lembro das dificuldades que tínhamos, era tudo muito justo, quando jovem senti a necessidade de me esforçar para conquistar alguma coisa e hoje cada centavo é controlado para alcançarmos o que pretendemos.
Com base nas situações em que vivi, pude perceber o quanto o dinheiro é fundamental e necessário para todos nós. E em razão disso, decidi estudar mais a fundo sobre Educação Financeira para compreender melhor esse assunto aparentemente tão complexo, e mais do que isso, vi que precisava criar alternativas para conseguir auxiliar mais pessoas a terem uma percepção mais clara e fácil sobre esse assunto.
Quando iniciei nessa jornada, uma das minhas primeiras descobertas foi que Educação Financeira e Finanças Pessoais são duas coisas muito distintas. Então, quero começar esclarecendo que segundo o Site Wikipédia “Finanças pessoais é a disciplina que estuda a aplicação de conceitos financeiros e empresariais nas decisões financeiras de uma pessoa ou de uma família”, ou seja, estamos falando de conceitos, enquanto Educação Financeira tem um conceito muito mais amplo.
Você sabe o que é Educação Financeira?
De forma muito simplista é aprendizado, é a busca por uma mudança de comportamento com relação ao uso do dinheiro, seu principal objetivo é a realização de sonhos, objetivos, ou como preferir chamar.
Agora você deve estar se perguntando, é só isso? Sim, é isso mesmo, a Educação Financeira não tem nada a ver com planilhas complexas, tão pouco com ser ou não ser bom em matemática, ela tem relação com o seu comportamento e como ele funciona quando o assunto é o seu próprio dinheiro.
Entendendo como tomamos nossas decisões.
Você sabia que nosso cérebro é dividido em 3 partes?
Uma delas chamamos de reptiliano, que é responsável pela nossa sobrevivência, também conhecido como cérebro instintivo. Outra parte é a do sistema límbico, que é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais, e a última parte é o neocórtex que é a parte mais desenvolvida onde todos os nossos processos cognitivos se integram.
Sabendo disso, você já se perguntou como tomamos nossas decisões?
Eu particularmente acredito que tudo depende do contexto, mas a ciência aponta que com grande frequência tomamos nossas decisões baseados no reptiliano que nos instiga a sobrevivência, ou ainda no límbico que está relacionado à nossas emoções, porém quando estamos falando em cuidar do nosso dinheiro, precisamos agir preferencialmente com a parte mais racional do nosso cérebro, evitando assim que sejam tomadas decisões precipitadas.
Você já parou para se perguntar por que aquela promoção inédita de um produto que você quer muito comprar dura somente até hoje?
Eu respondo, porque quem está vendendo é especialista em estimular a parte impulsiva do seu cérebro que está associada à sua sobrevivência ou emoções, e é aqui que precisamos cuidar, pois existem inúmeros gatilhos mentais que são instigados o tempo todo por inúmeras lojas espalhadas por esse universo gigantesco.
Chegou a hora de mudar!
Mudança não é algo fácil, mas quando falamos em ter uma vida financeira mais harmônica é necessário dispor de um tanto extra de esforço para evoluir. Tenho convicção que quando nos propomos fielmente a alguma mudança, certamente conseguimos. A qualquer instante você pode mudar o caminho de sua vida, e eliminar de uma vez por todas, aqueles comportamentos não desejáveis.
A mudança na forma de pensar potencializará sua capacidade de conquistas, claro que precisamos de muita disciplina ao longo da jornada, além de muita perseverança, mas tendo os objetivos alinhados a seu foco, certamente você chegará a excelentes resultados.
Então, vamos a 5 dicas que te ajudarão a começar essa jornada hoje!
1 – Envolva a família na organização financeira
Não sei como é a sua logística familiar e digo mais, tenho certeza de que cada pessoa tem uma realidade diferente, mas é fundamental para o sucesso da sua empreitada que toda a família se envolva, então reúna todos para que fiquem cientes da realidade financeira da casa, assim, possibilitando um trabalho em conjunto, como um time, seja para conquistar algo novo, para manter a estabilidade financeira da família ou ainda para reorganizar aquilo que parece perdido.
2 – Faça um mapeamento de receitas e de despesas através de um diagnóstico
Comece realizando um mapeamento de todas as rendas da família, anote em uma planilha ou em uma folha, todos os rendimentos mensais, inclusive os extras. Depois detalhe os gastos, liste na mesma planilha todas as despesas fixas da casa, assim como todas as contas e parcelas, e as inclua no planejamento financeiro da sua família.
Aqui você já deve estar pensando que é impossível lembrar-se de tudo, afinal é muita coisa. E você está coberto de razão, se analisar o seu primeiro levantamento, aquele feito assim que terminou a leitura, você perceberá que ele não expressa a sua realidade financeira, por isso é importante o diagnóstico mais minucioso.
Para obter essas informações detalhadas você precisa de pelo menos um mês, anote dia a dia, os gastos da família. Basicamente o que você precisa é de um diário financeiro, onde deve ser anotado cada centavo gasto e especificar no que ele foi gasto.
Um ponto importante a ser destacado é que é essencial que a anotação seja detalhada, por exemplo, quando você compra no mercado tem uma grande variedade de produtos e dentre eles temos as guloseimas, então você precisa ter esse valor anotado separado dos itens essenciais para conseguir identificar quanto você gasta em guloseimas, você irá se surpreender ao ver que pode estar gastando muito mais em guloseimas do que imaginava.
Pode anotar da maneira que for melhor para você, mas uma dica legal é ter um caderninho pequeno, daqueles que pode levar na bolsa ou no bolso, separe uma página para cada tipo de gasto, no topo da página você escreve “Farmácia” e depois pode separar ela em colunas com o dia, a forma de pagamento (serve para ver como gasta, por exemplo, no cartão, mas é assunto para um outro artigo) e o valor.
No final desse período de um mês, que não precisa começar no dia 01, mas sim que deve começar hoje, você deve somar cada grupo de gastos e avaliar o resultado e ver para onde o dinheiro está indo.
3 – Estabeleça sonhos, metas, objetivos ou como quiser chamar
Uma forma inteligente e estratégica de economizar é saber para qual finalidade estamos guardando aquele recurso, portanto, ter clareza e estabelecer seus sonhos, metas e objetivos é fundamental. Essa é uma etapa muito importante do nosso processo, sem ela eu diria que não temos motivos para continuar.
Reúna sua família hoje, afinal para desenhar seus objetivos você não precisa ter concluído a etapa anterior, e junto com eles analise os sonhos de cada um, você irá se surpreender ao descobrir que muitas vezes nem sabemos quais são os sonhos das pessoas que mais amamos. Listem os sonhos de curto prazo (menos de 1 ano), médio prazo (1 a 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos) de cada um e também os coletivos.
É importante trabalhar com sonhos de curto, médio e longo prazo para não desistir no caminho. Se você colocar um sonho muito distante (grande) e não tiver pequenas sensações de realização você desistirá antes mesmo de começar, então os estabeleça de forma separada.
4 – Determinar o valor dos sonhos
Depois de saber quais são os sonhos avalie quanto eles custam, façam cotações para poder planejar e pensar em uma economia com o objetivo de realizá-los.
Não é incomum encontrar pessoas que tem sonhos e que dizem ser muito distantes de suas possibilidades e quando você questiona quanto custa a pessoa não sabe te responder. Então, antes de qualquer coisa, saiba quanto você precisará para atingir aquela viagem, aquele carro, ou ainda aquele passeio de final de semana, não importa o tamanho, o que importa é ter um bom planejamento.
5 – Trace seu plano de voo
Essa é a parte prática do planejamento, nesse momento, é hora de avaliar os dados levantados no seu diagnóstico e estabelecer onde podem cortar gastos desnecessários e conscientizar todos os familiares de que esse é o momento de organizar a vida financeira da família, colocar e manter todo o orçamento em ordem.
Você deve se perguntar de onde poderá cortar, mas fique tranquilo que você encontrará essa resposta, inclusive se você repetir todos os anos essa estratégia do diagnóstico sempre encontrará uns 10 a 30% de coisas para deixar de gastar.
Um cálculo rápido para ver o que o dinheiro pode fazer por você. Se você gasta R$50,00 em pizza por final de semana, em um mês você terá desembolsado R$200,00, economizando esse valor por 20 anos terá aproximadamente R$ 93.000,00 e em 30 anos R$ 202.000,00. Isso considerando aplicação de 0,50% ao mês. Veja bem, não estou aqui dizendo que não pode mais comer pizza, mas que deve saber que está investindo parte do valor ali, então o que precisa é ter consciência para que pizzas e guloseimas não prejudiquem o futuro de seus sonhos.
Dica Bônus!
Ter uma reserva financeira para emergências ou imprevistos, é muito útil. Uma reserva financeira familiar é extremamente importante para organizar e manter uma vida financeira saudável em tempos de crise.
Atualmente, em razão da pandemia, tenho recebido muitos questionamentos sobre como manter a vida na atual situação econômica e sempre penso que se a reserva estivesse à disposição, seria o momento de usar.
A criação de uma reserva serve para dar suporte financeiro a sua família, isso pode ser na ocorrência de uma doença grave, demissão de algum integrante ou outra eventualidade ou imprevisto, mantendo assim a vida financeira estável.
O indicado de uma reserva é ter o suficiente para manter pelo menos durante 6 meses as despesas fixas da casa. Assim, estabeleça uma meta de poupar dinheiro para composição da reserva, mas algo realista, uma economia mensal deve ser feita até que a meta seja atingida e não esqueça, use a reserva somente em momentos de real necessidade, ela foi composta para cobrir as despesas caso algo extremo aconteça, então, evite fazer uso desse dinheiro sem uma necessidade real.
Espero que esse conteúdo tenha contribuído positivamente para você e que a partir dele você possa praticar a mudança de comportamento de que precisa utilizando a Educação Financeira como um pilar de sustentação da sua saúde financeira.
Fonte: Juliana Herrmann, Polo Contábil.
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